Capítulo 1 – Água
“Eu batizo com água (...)” João
1, 26
Todos nós
sabemos que uma planta para crescer e viver precisa de água. O nosso planeta na
verdade deveria se chamar Planeta Água devido à imensidão das águas em relação
à massa terrestre que forma os continentes. A água é elemento central para toda
vida e é inseparável do Espírito, pois desde o princípio o “Espírito de Deus
pairava sobre as águas” (GN 1,2)
A
água sempre esteve relacionada à vida humana e à história do povo de Deus. Para
alcançar a Terra Prometida longe da escravidão do Egito, os Israelitas
precisaram atravessar o Mar vermelho. Hoje, para alcançarmos o Reino dos Céus,
é preciso deixar outrora a escravidão do pecado e por meio da água do Batismo,
entrar no estado de graça e de perdão de Deus, porta de entrada do Reino dos
Céus.
Portadora de
tantos significados na Bíblia, a água tem como suma importância ser
representadora do Espírito de Deus, tanto no Antigo Testamento quanto no Novo
Testamento. O profeta Isaías já falava da benção de Israel e da transformação
da vida do fiel através da água, do espírito sobre a estirpe (Is 44,3) e do
espírito que fará o povo crescer como “erva
perto d’água, como álamos junto à torrente” (Is 44,4). Assim, já não e a
água, mas o Espírito, representado pela água que dá vida.
Entre os
recursos necessários ao crescimento da videira, a água é um dos mais abundantes
e ao mesmo tempo, o mais limitante para a produção agrícola. A ocorrência de
deficiência no processo de irrigação moderada poderá resultar em redução do
crescimento e da produção, enquanto que, um déficit prolongado, poderá
acarretar a perda total da produção. Por tanto, assim como a vinha precisa de água,
nós também somos chamados por Cristo a bebermos da “água viva” (Jo 4, 10), pois
Ele mesmo afirma que “quem bebe da água
que Eu lhe der nunca mais terá sede: porque a água que eu lhe der, nele se
tornará em fonte de água corrente, para a vida eterna” (Jo 4,14)
Esta mesma água
que purifica e dá vida, foi jorrada na cruz diretamente da chaga do peito de
Jesus Cristo (Jo 19,34). O cristão que deseja crescer em Cristo precisa beber da água viva participando da morte de Cristo e sua ressurreição, através do batismo. O
batismo que outrora João pregava era o batismo na água “para a remissão dos
pecados” (Mt 3,11). Jesus inaugura o batismo pelo Espírito que efetua a
purificação dos nossos pecados (1 Cor 6,11) e nos alimenta para o crescimento
espiritual. Não se trata de limpeza da sujeira corporal, mas de compromisso
solene de uma consciência diante de Deus. Por meio do batismo entramos em
comunhão com Cristo e dele retiramos o alimento que mantém a nossa fé sempre
verde, pois somos como que plantados a beira do rio (Sl 1,3) cujas folhas não
secam. Essa figura tão importante da árvore plantada ao lado do rio nos mostra
o quão felizes são os batizados:
“são como árvores plantadas às margens de um
rio, cujas raízes alcançam águas profundas. Tais árvores não são afetadas pelo
calor nem se preocupam com longos meses de seca. Suas folhas permanecem verdes
e produzem fruto delicioso.” (Jr 17,8)
Após a sua
ressurreição, Jesus apareceu aos discípulos e os enviou ao mundo para fazer
“todos os povos discípulos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo” (Mt 28,19). Ao sermos batizados já não somos um galho separado, mas
passamos a nos unir à videira de Quem, e em Quem recebemos a água tão
necessária para a frutificação. Este permanecer não é uma tarefa fácil, mas
exige uma vida dedicada à oração e santidade. Quanto mais oramos, mais bebemos
do Espírito Santo, e somos alimentados para nosso próprio crescimento.
Muitas vezes
estamos morrendo por dentro, secos, desesperados. Nosso coração está seco, como
a terra ressequida esperando pela água, isto é o Espírito Santo. Mas o que
impede o derramar do Espírito Santo sobre nós? O nosso convite, o nosso querer
consciente. O Espírito Santo é Vivo e anseia por nós. Ele está pairando sobre
nós, esperando o nosso convite para que Ele se derrame sobre nossa vida. A
oração é o convite. Foi justamente quando estavam em oração (At 1,14) que os
apóstolos viram se cumprir a promessa da efusão do Espírito Santo no dia de
Pentecoste (At 2, 1-4). Porém, ao contrário dos discípulos, nós não dedicamos
nosso tempo à oração, mas desperdiçamos nosso tempo com “nós mesmos”, tentando
saciar a nossa sede com toda sujeira do mundo.
A gente sabe
que num dia de calor um refrigerante bem gelado refresca, mas o mesmo
refrigerante não mata a sede, pelo contrário, alguns até aumentam a sede. Muitos
cristãos estão vivendo a base de refrigerante alimentando sua alma com o puro
lixo do mundo, seja músicas, TV, na Internet, novelas, Big Brother ou redes
sociais. Essas pessoas fingem matar sua
sede, no entanto, no fundo estão se matando por dentro, pois assim como o
refrigerante alivia a sede temporariamente, em excesso, ele prejudica todo o
aparelho digestivo, entre outros problemas de saúde. O mundo oferece todo tipo
de diversão que pode ocupar o lugar do Espírito Santo em nossa vida. Por isso,
a oração é o único remédio e a fonte direta para nos alimentarmos no Espírito
Santo. Não podemos negligenciar isso. Desprezarmos a oração é como jogarmos
fora um copo de água no deserto. É colocarmos nossa vida (Vida Eterna) em
risco. Há plantas como os cactos que se adaptaram a viver sem água por longos
períodos no deserto, mas Jesus não nos chamou para sermos cactos, e sim ramos
da videira, para sermos dependentes da água. Enquanto caminhou entre nós, o
Nosso Senhor Jesus Cristo desejou ardentemente nos dar o Espírito Santo, pois
sabia que nosso coração já estava como a terra seca que anseia apor água.
Como se vê, a primeira
lição que a videira nos dá, é que somos totalmente dependentes do Seu Espírito.
Quanto mais uma planta produz fruto, mais ela necessita de água, da mesma forma,
quanto mais desejamos fazer a vontade de Deus, maior deve ser nossa intimidade
com o Espírito Santo, intimidade que só é alcançada através de relacionamento e
tempo. No mundo atual, algumas concepções estão equivocadas, e o que a gente vê
por aí, são casais que com pouco tempo de relacionamento, digo pouco até mesmo
horas, se colocam nus diante um do outro, com tanta facilidade, expondo assim
sua intimidade a alguém ainda desconhecido. O Espírito Santo, no entanto,
anseia por uma intimidade que só pode ser alcançada por uma mudança profunda no
nosso pensar, uma renovação (Rm 12,12) em que nossos desejos já não são mais
egoístas, porém, passamos a desejar em todas as circunstâncias aquilo que Ele deseja “pois os que vivem
segundo o espírito, apreciam as coisas que são do espírito” (Rm 8,5). Queremos
agradá-lo em cada instante, e mesmo que isso seja contrário aos impulsos
naturais da carne (Rm 8, 5-9). É um desejo apaixonado por estar em comunhão com
o Espírito Santo, e quanto mais unidos estamos, mais Ele nos transforma. O
batismo se torna fundamental nesse processo de intimidade, pois ele é o
primeiro encontro com o Espírito Santo, no qual ele nos desnuda, não para expor
nossa intimidade, mas nos despir de nossas vestes sujas, revestindo-nos com uma
veste nova e alvejada (Ap 7,9; 7, 13-14).
PERMANECENDO na VIDEIRA
UM VERSÍCULO PARA MEMORIAR:
Eu sou a verdadeira videira, e o meu Pai é o lavrador. (João 15,1)
REFLEXÃO: Eu tenho buscado mais o
Espírito Santo na minha vida ou tenho buscado mais as coisas do mundo? O que eu
posso fazer para buscar mais o Espírito Santo?
ORAÇÃO: Espírito Santo de Deus. Eu reconheço que sou dependente de ti. Que
muitas vezes te abandonei, te desprezei, procurando me satisfazer com as coisas
do mundo. Mas hoje eu confesso meus pecados, assumo minhas faltas e me coloco
nas tuas mãos. Vem preencher o vazio do meu coração. Mata a minha sede de vida.
Eu quero me comprometer, a partir de agora, à Te buscar intensamente, até ter
um relacionamento de intimidade, pois só por meio de ti sei que posso ter
comunhão com Jesus Cristo, meu único Senhor e Salvador. Amém.
EXERCÍCIO ESPIRITUAL: Uma forma de
ganhar mais intimidade com Deus é criando uma ROTINA de ORAÇÃO. Reserve um
tempo do seu dia para Deus, comece com 10 ou 15 minutos. Faça isso num horário
específico, em que você não esteja tão cansado. Inclua nesse horário a leitura
da Bíblia, pode ser apenas alguns versículos, mas vá aumentando conforme o
tempo passa. Se você deixar de fazer isso um dia, não tem problema, retorne no
dia seguinte. É como praticar esportes, se você ficar parado vai dando mais
preguiça, não se deixe abater por isso. Lembre-se a intimidade é construída com
o tempo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário