17/05/2015

O que temos semeado em nosso coração?


A semente é a palavra de Deus. 


A Palavra de Deus antes de tudo é vida. 



Pela sua palavra o mundo com tudo o que há foi formado (Gn 1,3 - Deus disse...). Assim como a semente esconde a vida debaixo de uma casca, a palavra de Deus também guarda vida. Na Parábola do semeador (Mt 13, 3-9) as sementes germinaram, ainda que entre o pedregulho e espinhos, mas a semente germinou pois a Palavra de Deus tem que germinar em nossa vida. Ele escolheu as melhores sementes, as reservou e decidiu o momento certo para plantar. Não importa quanto tempo você levou para ouvir a palavra de Deus, nunca é tarde para que ela comece a germinar, mas é preciso antes de tudo romper com toda a incredulidade e crer, pois “quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna(...)”, disse Jesus(João 5,24). Esse romper com a incredulidade é o mesmo que acontece com a semente quando o germina, o que há dentro dela racha a casca e nasce um ser novo, diferente do anterior, pois fomos “regenerados não de uma semente corruptível, mas pela palavra de Deus, semente incorruptível, viva e eterna” (1 Pedro 12,23). 

Quando a Palavra de Deus rompe a casa da incredulidade e começa a germinar em nosso coração, os nossos desejos já não são mais os mesmos, um desejo novo e profundo começa a se espalhar. Os desejos da carne “fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, divisões, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gálatas 5, 19-21) começam a ser substituídos por aquilo que se tornará o fruto do Espírito “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança “ (Gálatas 5,22) pois a Palavra de Deus produzirá o fruto que lhe é próprio, que é o fruto do Espírito Santo. Para que a semente continue crescendo e se torne uma grande árvore (Mateus 13,32) alcançando o mais elevado desenvolvimento é necessário renunciar a tudo o que afasta o nosso coração de Deus, isto é, as pedras da parábola (Mateus 13, 20-22). 

À medida que a semente cresce e germina, vamos substituindo o velho homem pelo novo homem (Colossenses 3, 10). Muita gente tem dificuldade em entender o que é o velho homem, e o que é o novo homem. O velho homem é como a figueira que só sabe dar figo. Tudo o que o velho homem quer é mau aos olhos de Deus (Gêneses 8,21). “Não há nenhum justo, não há sequer um. Não há um só que tenha inteligência, um só que busque a Deus”(romanos 3, 10-11). O ser humano sem Deus é extremamente mau, e vive totalmente em trevas, pois não há nada bom no ser humano que não tenha vindo de Deus, pois “todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus” (Romanos 3,28). O fato de sermos pecadores não significa apenas que pecamos constantemente, mas que não fazemos nada além de pecar. Até que a Palavra de Deus germine em nós, temos um coração de pedra, um coração odiador de Deus e das coisas de Deus, um coração maligno, nascido no pecado e dado ao pecado. Enquanto a semente da videira não cresce em nós, somos apenas uma figueira e tudo o que fazemos não pode agradar a Deus, pois Ele nos quer produzindo uvas. Quando a semente da Palavra germina em nós, é o próprio Cristo o Verbo Vivo que desceu do céu (João 1,14), o Germe Santo (Isaías 6,13) (em algumas traduções Semente Santa) que está germinando em nós e o Espírito Santo desperta em nós a consciência do pecado. Ele nos convence do pecado, da justiça e do juízo (João 16,8). Inicia-se uma batalha interior, onde o meu ser quer produzir uvas, mas tudo o que eu sei fazer é figo, pois “não faço o bem que quero, mas o mau que não quero. Se faço o que não quero, então não sou eu que quem age, mas o pecado que habita em mim” (Romanos 7, 19-20). Este é um momento muito crítico, pois até que essa semente se estabeleça na terra e crie raízes, ela disputará espaço com o velho homem pecador, e mesmo depois, com raízes grandes e fortes, enquanto não houver uma total transformação, estaremos lutando constantemente contra a velha natureza (Efésios 2,3). A luta deve-se muito por conta de que Cristo “nos escolheu nele antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, diante de seus olhos” (Efésios 1,4), essa é a Graça de Deus que tem poder de nos justificar, isto é, purificar-nos de nossos pecados e comunicar-nos a justiça de Deus feita em Jesus Cristo e pelo batismo. Pelo poder do Espírito Santo, participamos da paixão de Cristo, morrendo para o pecado e da ressurreição, nascendo para uma vida nova; somos os membros de seu corpo, que é Igreja, os sarmentos enxertados na Videira, que é ele mesmo. Somos justificados por Cristo, pois a Semente da Palavra fecundo em nosso coração, e a nossa natureza foi alterada, não por nossos merecimentos, mas pela Graça de Deus que nos faz participar da sua vida divina por meio da Videira que é Seu Filho Jesus Cristo. Não há méritos humanos, pois tudo o que é necessário para que a semente fecunde, também vêm de Deus, “tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não volvem sem ter regado a terra, sem ter fecundado, e feito germinar as plantas” (Is 55,10).


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